Por que os agregados do solo são a chave para a agricultura sustentável

Dentre os diversos mecanismos de proteção da matéria orgânica, os agregados do solo têm se destacado como fator chave.

A agricultura sustentável tem sido um dos temas mais discutidos na área agronômica nas últimas décadas. A agricultura de conservação tem sido implantada em diversos países com o objetivo não somente de proporcionar a proteção do meio ambiente, mas também aumentar o lucro dos produtores locais e proporcionar a produção de alimentos de forma sustentável. Dependendo das práticas de manejo adotadas, o solo pode se comportar tanto como um dreno quanto como fonte de C para a atmosfera. Dentre os diversos mecanismos de proteção da matéria orgânica, os agregados do solo têm se destacado como fator chave. Dessa forma, tanto as perdas quanto os ganhos de C pelo solo estão diretamente ligados a essas pequenas estruturas. A seguir, veremos alguns detalhes sobre como a agregação do solo poderá promover a sustentabilidade da agricultura no mundo.

A degradação do solo

O uso indevido de práticas agrícolas, como o revolvimento do solo em ambiente tropical, tem levado a degradação de muitos solos no mundo pela erosão. Antes da implantação do sistema plantio direto no Brasil na década de 1970, a agricultura sofria com a degradação dos solos causada pelo distúrbio do solo. Além de causar a inviabilidade da agricultura pela perda de qualidade do mesmo, a degradação dos estoques contribui para a emissão de CO2 para atmosfera. Estudos demonstram que enquanto em ambiente temperado, o plantio convencional pode levar a perda de cerca de 50% do estoque de C em 50 anos (Campbell and Souster, 1982; Mann, 1986), em ambiente tropical essa perda pode chegar a 70% em apenas 5 anos (Séguy et al., 2006).

O potencial de mitigação dos solos agrícolas

Por outro lado, o solo é um dos principais reservatórios de carbono no mundo, contando com aproximadamente 2500 Pg (petagrama = bilhões de toneladas) de capacidade de estoque (Lal, 2004). Portanto, o solo pode se comportar tanto como fonte quanto como dreno de C da atmosfera, dependendo da maneira que é manejado. A utilização de práticas de agricultura de conservação como o plantio direto tem contribuído de forma significativa para a recuperação de áreas previamente degradadas e a potencialização da produtividade das culturas no Brasil. Estudos na região de Lucas do Rio Verde – MT, ambiente altamente intemperizado, tem demonstrado incrementos de até 31 toneladas de C / ha em aproximadamente 21 anos de plantio direto (Sá et al., 2014). Em regiões de clima subtropical, muitas áreas de produção agrícola sobre o sistema plantio direto consolidado têm até mesmo superado os estoques da vegetação de campo nativo (de Oliveira Ferreira et al., 2016).

Os agregados do solo governam perdas e ganhos de matéria orgânica no solo

Os agregados do solo são a chave para os processos de ganho de C pelo solo pois consistem na principal forma de proteção da matéria orgânica. Os agregados consistem em conjuntos de partículas minerais do solo ligadas à matéria orgânica formando pequenas estruturas. A atuação dos chamados agentes de agregação do solo (fungos, raízes, polissacarídeos, húmus…) (Tisdall and Oades, 1982) ajudam na sua formação protegendo a matéria orgânica contra os processos de decomposição pela microbiota do solo. Durante os processos de revolvimento do solo, essas estruturas são quebradas, expondo o C previamente protegido aos processos de decomposição (Tivet et al., 2013). Dessa forma, as perdas dos estoques de C do solo estão sempre associadas à degradação dos agregados. Mantê-los e preservá-los através da constante adição de palha, cobertura permanente do solo e não revolvimento (princípios do plantio direto) são a chave para manter a qualidade do solo e promover o sequestro de carbono.

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